terça-feira, 17 de novembro de 2009

Canto da coruja

 
Fonte site: Observatório do Algarve

Canto da coruja

Um dia acordei com uma sensação de estranheza, como se eu não fosse eu. Parei por alguns segundos e respirei fundo. Apalpei meu rosto, olhei minhas mãos, meu resto do corpo. Até aí, tudo parecia normal e então pensei "está tudo bem, é só uma má sensação".
Com isso, levantei, fiz tudo aquilo que estou acostumada em minha rotina, exceto não olhar no espelho (às vezes eu evito, por que na maioria dos dias acordo feito um panda  u.u). Entretanto, a sensação que tive ao levantar continuou e, sem pensar, perguntei à primeira pessoa que vi se estava tudo bem, se havia acontecido algo e logo esta me disse que não. Senti alívio, claro.
Aí, comecei a pensar no que poderia ter gerado essa sensação. Como sou uma pessoa supersticiosa em alguns aspectos, lembrei que na noite anterior havia ouvido o canto de uma coruja. AI!Não gosto de corujas!  Todas as vezes que ela cantou, algo de ruim aconteceu. Me preocupei, sabe, mesmo que seja até coincidencia, mas os acontecimentos ocorreram justo após o canto da coruja. Maldita coruja!
Meu nervosismo chegou a ponto de eu chorar de angustia ou agonia, sei lá o que sentia na hora, só pressentia que algo de bom não poderia ser.
Estranho. Tudo parecia estranho.
Meu dia foi péssimo. Não tinha cabeça para nada. Só pensava no que poderia estar me fazendo tão mal. Quando de repente, algo mudou. Não sei explicar com palavras o que mudou, mas sei que algo aconteceu. Algo bom aconteceu. ALELUIA!
Então, percebi que a mudança que ocorreu quando acordei, ou até mesmo durante a noite, não foi física, mas espiritual. E mudar, ah, mudar dá medo. Aliás, tudo aquilo que é rotineiro, parece ser confortável, e aquilo fora do conhecido, ao contrário, é desconfortável, nos preocupa...perturba.
A partir desse dia, indiretamente, passei a viver de um modo diferente... passei a procurar pelo desconhecido. Aliás, me deixei viver. Excluí da minha vida tudo aquilo que no momento me fazia mal. Terminei relacionamentos, superei algumas más amizades, passei a me arriscar mais pelas coisas, deixei entrar na minha vida pessoas que há tempo não tinha contato ou até mesmo que nunca antes havia conversado, mas que mesmo assim tinham uma certa estranha confiança por mim... enfim, passei a ter atitude e finalmente SER EU MESMA!
Foi aí que entendi que nesse dia, justamente nesse dia, o canto da coruja não foi um canto pessimista ou um "canto do mal", mas sim, um canto de mudança, de transformação.

By Happiness' not for sale
Música: Darkest hour - Charlotte Martin





Um comentário:

  1. Primeiro de tudo que fiz, foi baixar a musica que você escreveu o texto. CLARO, que foi perfeito. To inteiro arrepiado. Senti o que você sentiu, escrevendo. É tipo sair do casulo, abandonar o 'EU' inexistente e deixar a essência simplesmente te dominar. Ser você mesmo, foda-se tudo. Que venha há mim quem apenas me quer bem, afasta-se quem me quer longe. Porque perto de nós já basta a saudade do tempo que foi perdido, de uma amizade mal resolvida (ou continua), apenas deixe ser, afinal agente não sabe quanto tempo agente vai continuar aqui.

    Belíssimo texto, goida! :]

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