domingo, 22 de novembro de 2009

TOC TOC TOC


Fonte site: O Vianense

Toc toc toc
TOC TOC TOC. Tudo o que poderia ouvir naquele momento de descanso era somente o barulho da chuva caindo em um pequeno pedaço de madeira que havia embaixo da janela. Não sei dizer se aquele barulho me incomodava ou me acalmava. Então, decidi fechar meus olhos e me concentrar.

Com o tempo, fui esquecendo os rostos conhecidos e recentemente vistos da minha mente, os milhares de trabalhos da faculdade a serem entregues durante a semana, que era para eu estar fazendo naquele momento, as conversas, os risos, os desapontamentos... simplesmente esqueci de tudo e só me concentrei no desconhecido. Extraí da minha mente todo aquele alvoroço de pensamentos que a todo momento me incomodava, e só pensei no som emitido pela gota.
TOC TOC TOC TOC... Como uma pequena gota d'água pode fazer um estrondo como esse? Aliás, por que eu nunca parei para reparar nisso? Só sei que esse som, na maioria das vezes me faz dormir. Quer dizer, era a única coisa que pensava quando ouvia os primeiros pingos de chuva. Será que se aquele simples pedaço de mdf não estivesse naquele exato local o som seria o mesmo? Provavelmente não.
A partir daquele momento quis brincar. Brincar com o desconhecido. E então comecei. "A partir de agora, gotas não são mais gotas. Nem o barulho é mais barulho e madeira não é mais madeira. Tudo são coisas." Aquilo que caía batia em algo que fazia uma coisa. Comecei a rir. Achei que estava em um estágio de loucura mais avançado que o normal. Então decidi complicar ainda mais, passar por um nível acima do meu pequeno jogo. Não pensar no único, mas pensar na repetição, ou seja, aquele ciclo de um gota caindo e batendo na madeira, se desmanchando, fazendo o TOC TOC e em seguida outra gota caía e fazia o mesmo. Algo alí deveria fazer sentido, mas O QUE? Não me deixaria vencer pela vontade de dormir que estava vindo e continuaria pensando no significado de tudo isso.
Passei um bom tempo me concentrando nesse pequeno e significante acontecimento. Mas nada me vinha na cabeça. Então, comecei a pensar no que passa em nossa vida que possa se relacionar com esse fato que tanto passou a me incomodar.
Foi aí que finalmente percebi que, na verdade, o som emitido pela gota na madeira não passa de uma escolha. Tudo que acontece na vida se baseia em torno de escolhas, direta ou indiretamente. Além disso, toda escolha tem uma consequência. Ou seja, se a gota batesse no concreto e não no mdf, seria outro efeito sonoro.
Às vezes, a natureza nos diz coisas que somos cegos demais para enxergar. O simples não é tão complicado quanto parece. Aliás, é simples. Nós, seres humanos, é quem o complicamos.
O grande problema, nesse caso, não é o fato de escolhermos. É escolhermos racionalmente, pensando nos posteriores efeitos dessas escolhas e, além disso, PRINCIPALMENTE, no valor que essa escolha pode causar em nossa vida. ou seja, sabermos valorizar corretamente tudo que está ao nosso redor.
De repente, o som que tanto me incomodou cessou e tudo o que via em minha mente era escuridão.

By Happyness Not For Sale
Música: The Dance - Charlotte Martin

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